Conclusão

Queremos destacar nestas conclusões o fato de que, dentre os alunos com necessidades educativas especiais que participam do processo inclusivo, os que encontram maiores dificuldades são os surdos. Isso porque o processo de ensinar e aprender ainda se sustenta, quase exclusivamente, na comunicação oral, que é sensivelmente prejudicada nesses educandos.

Talvez, antes de ler este material, você pensasse que são poucos os surdos no Brasil, inclusive, é possível que você não conheça uma pessoa surda. Por isso, no “Saiba mais” da Unidade III, apresentamos os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a respeito da surdez no Brasil.

Além disso, segundo dados do MEC (Ministério da Educação), em 2001, existiam 50 mil estudantes surdos matriculados no ensino fundamental, a maioria deles em classes comuns, em escolas inclusivas. Como esses surdos quase não conseguiam sucesso em sua escolarização, surgiram muitas ações governamentais na tentativa de mudar essa realidade de fracasso educacional.

Assim, destacamos algumas ações, como o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos, que foi o resultado de uma proposição da Secretaria de Educação Especial do MEC (SEESP/MEC) e das Secretarias de Estado e Municipais de Educação, das capitais dos estados brasileiros, visando à melhoria da educação de alunos surdos matriculados no ensino fundamental. Um dos focos dessas ações foi a formação de professores ouvintes para o uso da Libras. Também, comentamos as leis de acessibilidade e de reconhecimento da Libras, além do importante Decreto nº5.626.

Em função da complexidade da Libras, certamente, não será apenas com este material que você estará apto(a) a ser um sinalizador(a). Afinal, este não é um curso de Licenciatura em Libras, mas um curso de graduação, razão pela qual o objetivo principal desta disciplina é apresentar a Libras para você, caro(a) aluno(a).

Por esse motivo, começamos nossa jornada já apresentando a Libras em seus aspectos linguísticos, na Unidade I, e avançamos, construindo seu vocabulário, na Unidade II, na qual também aproveitamos para discutir as profissões de tradutor intérprete de Libras e as relações entre esse profissional e o professor de Libras surdo. Então, na Unidade III, apresentamos o mundo dos surdos, destacando as principais abordagens na educação de surdos, a cultura, as suas identidades, a legislação e as políticas públicas educacionais brasileiras referentes à surdez. Finalizamos procurando desconstruir mitos e crenças que ainda existem em relação aos surdos.

Devido a esse importante momento que é vivenciado pelo surdo, em função das mudanças que estão sendo empreendidas, consideramos que o principal objetivo deste material foi apresentar o mundo surdo para você, caro(a) aluno(a), a fim de convencê-lo(a) acerca da importância de todo professor conhecer a Libras, além de apresentarmos a Libras em seus aspectos gerais. Tudo isso foi feito para que você consiga estabelecer uma comunicação funcional com uma pessoa surda e, quem sabe, isso desperte seu interesse em se aprofundar no estudo dessa fascinante língua. Da mesma forma, pensamos nos profissionais, enfatizando uma atitude social inclusiva, proporcionando subsídios para uma formação como cidadão livre de preconceitos, um dos piores males sociais da humanidade.

A Língua Brasileira de Sinais tem ganhado espaço na sociedade, em função da contínua luta dos movimentos surdos em prol de seus direitos. Liderado pela FENEIS, há muitos anos, o povo surdo luta pelo reconhecimento de sua língua e cultura próprias. Assim, esperamos que você tenha se convencido de que a língua de sinais é imprescindível para o desenvolvimento cognitivo e social do surdo. Nesse sentido, é importantíssimo que a criança aprenda a língua de sinais bem cedo, para que seu desempenho escolar seja equivalente ao de crianças ouvintes. Portanto, é indispensável que a família esteja completamente envolvida nesse processo.

Como cerca de 90% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, que pouco ou nenhum conhecimento possuem acerca da surdez e da língua de sinais, a família precisa ser atraída para essa tarefa e estar convicta da necessidade e da importância de as crianças aprenderem essa língua.  Conforme já afirmamos anteriormente, a família tem acesso mais facilitado ao professor, o profissional responsável por essa orientação.

Dessa forma, nosso objetivo fundamental foi fornecer subsídios para que você possa convencer aqueles que ainda têm restrições quanto ao uso da Libras, como familiares, profissionais ou, até mesmo, surdos, sobre a importância da adoção dessa língua para o desenvolvimento cognitivo, psicológico e social do surdo. Atualmente, o povo surdo conquistou o direito de usar sua língua, o que possibilita a comunicação e a efetiva participação dele na sociedade, mas muito ainda necessita ser feito para que essa mudança se concretize. Seja uma pessoa que faz a diferença na vida de pessoas surdas, um cidadão/uma cidadã que contribui para a igualdade dos seres humanos. Faça a sua parte!

Parabéns

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